Poucos assuntos serão tão universais quanto a maternidade, com a qual talvez só a morte possa rivalizar. A história da maternidade é, por conseguinte, quase tão antiga quanto o próprio mundo. Muitas vezes figuras secundárias, menos frequentemente protagonistas, as figuras maternas ocupam amiúde papéis capitais nas diferentes trajetórias narrativas. Considerado o vínculo inquebrável, o parentesco de sangue, que estabelecem com os seus filhos ou com as suas filhas, as figuras maternas gozam de uma posição privilegiada a partir da qual os conflitos podem ser trazidos à superfície textual. Por outro lado, tradicionalmente das mães é esperada a manifestação de um conjunto de valores e de comportamentos, cuja transgressão vai ao encontro de uma das mais importantes vocações da literatura, a exploração de contrariedades. Inclusivamente, exponha-se que as personagens maternas são passíveis de ilustrar aspetos sociais, históricos, religiosos e éticos das culturas em que são concebidas, constituindo, por isso, uma importante fonte de acesso às ideologias de maternidade vigentes no período de produção dos textos. As figuras maternas são, então, um fértil objeto de estudo, podendo dar a ver e transmitir um vasto conjunto de significados culturais.

Apesar da universalidade do tema maternidade, as suas concretizações estéticas são sempre particulares e individuais. Por este motivo, este ciclo de quatro seminários no mês de maio pretende pôr em destaque a centralidade de personagens maternas de diferentes literaturas, problematizando numa perspetiva imanente o papel que essas personagens têm a desempenhar nos textos em que são desenhadas e, simultaneamente, perspetivá-las como forças autónomas integradas num sistema cultural mais amplo com implicações transtextuais e transhistóricas.

Seminário I (07/05/2021):  

Marta Várzeas | “O menino da sua mãe”: alguns aspectos da caracterização da figura materna na mitologia grega

Tatiana Faia | Mães Imortais e Mortais na tradição Homérica

Daniel Floquet | Vingar Ifigénia: Maternidade e Violência na Oresteia, de Ésquilo

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Seminário II (14/05/2021): 

Maria do Rosário Ferreira | Os filhos de Eva e a mãe de Adão

Pedro Monteiro | “Movida daquela fúria com que Medeia matou os próprios filhos”: alguns apontamentos sobre figuras maternas na narrativa cavaleiresca quinhentista

Mafalda Sofia Gomes | ich heize dich ze dôde slân: mães tiranas nos textos narrativos do médio- alto-alemão

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Seminário III (21/05/2021):

Maria da Natividade Pires | A representação das mães na literatura para crianças – A esfera pública e a esfera privada

Ivana Schneider | Ela sonhou-me antes de eu existir: Imagens da maternidade na obra de Maria Velho da Costa

Ana Luiza de Figueiredo Souza | Maternidade na literatura brasileira contemporânea escrita por mulheres

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Seminário IV (28/05/2021): 

Francisco Topa | Mãe há só muitas: olhares oblíquos a partir de Graciliano Ramos e de Lygia Fagundes Telles

Tânia Furtado Moreira | Maria! Não Me Mates, que Sou Tua Mãe!, de Camilo Castelo Branco: Uma Teodiceia Literária

Sofia de Melo Araújo | A filha, a sogra, mães e tias – parentalidade no feminino em Iris Murdoch

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Organização:

Mafalda Sofia Gomes (CITCEM)

Secretariado:

CITCEM

Design:

Marta Sofia Costa (CITCEM)