Exposição "Santos d'Afurada. Arte, Devoção e Comunidade"
Está patente no CIPA (Centro Interpretativo do Património da Afurada) uma exposição que visa mostrar ao público um conjunto de dez imagens esculpidas por Altino Maia para a Igreja da Afurada, inaugurada em 1955. A exposição “Santos d’Afurada” está também disponível na plataforma Google Arts & Culture (Parte I e Parte II). A sessão de inauguração, que decorreu no passado dia 04 de julho, poderá ser vista no canal Youtube do CITCEM.
Convidamo-lo a assistir e, posteriormente, a visitar o CIPA!
Em 1955, o escultor Altino Maia concebeu nove imagens de vulto destinadas à nova igreja da Afurada, inaugurada a 10 de julho desse ano. Na sequência dessa encomenda, o artista executou ainda um Crucifixo para a parede fundeira da capela-mor e, no ano seguinte, o conjunto de catorze relevos da Via Sacra, expostos desde então na parede norte da igreja. Distanciando-se em termos plásticos e estéticos das imagens tradicionais, as esculturas foram rejeitadas pela comunidade que cedo lhes atribuiu epítetos depreciativos como de “Santos Pretos” ou “Santos das Rodilhas”. Apesar do escultor defender o caráter individual e livre do ato criador e este como espelho da conceção artística do autor, certo é que as imagens foram apeadas e enclausuradas em armários da sacristia após a saída do Padre Joaquim, o defensor e protetor destas esculturas durante quatro décadas. As peças criaram, assim, uma brecha entre o conceito de obra de arte e a imagem escultórica enquanto agente de devoção, que obriga necessariamente a uma reflexão e diálogo.
O projeto “Santos d’Afurada” visa, neste sentido, tornar públicas as imagens de Altino Maia, dar a conhecer o seu autor, compreender as razões da encomenda, expor as características plásticas da sua obra, refletir sobre as razões que levaram a comunidade a rejeitar as imagens e estudar, acima de tudo, Afurada na sua dupla condição de lugar e de comunidade.
A exposição patente no CIPA foi inaugurada no último dia 4 de julho, no contexto das celebrações das Festas de São Pedro da Afurada. No mesmo dia foi lançado o catálogo da Exposição.
O projeto foi coordenado pelas Professoras Ana Cristina Sousa, Maria Leonor Botelho e uma estudante de doutoramento em Estudos de Património (FLUP), Cátia Oliveira. Envolvendo um conjunto de 21 estudantes do Mestrado de História da Arte, Património e Cultura Visual e desenvolvido na sua quase totalidade à distância, devido ao contexto pandémico em que se vive, este trabalho é também revelador da capacidade de resiliência e de superação dos constrangimentos dos estudantes e de todas as entidades envolvidas. Entre estas importa destacar a Universidade do Porto, a Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema, o Arquivo Histórico da Marinha, o JN e a empresa Dot – Design e Comunicação, que concedeu um apoio incondicional a este projeto.6