I Encontro Ibérico de Arqueologia do Género “Intersecções com o passado”

I Encuentro Ibérico de Arqueología de Género “Intersecciones con el pasado”

12 e13 de maio de 2025

Faculdade de Letras da Universidade do Porto

Apresentação do Encontro

A adoção das teorias de género em Arqueologia seguiu um caminho desigual de acordo com os países e as tradições arqueológicas. No entanto, a Arqueologia de Género tornou-se um campo de estudo dinâmico e reconhecido, que aportou à disciplina importantes novidades de caráter empírico, interpretativo e metodológico, tanto em Espanha como em Portugal. Com o objetivo de criar um espaço de debate e de promover a investigação com perspetiva de género na Península Ibérica, em maio de 2025 será realizado no Porto o I Encontro Ibérico de Arqueologia de Género. O tema principal do evento será “Intersecções com o Passado” e será estruturado em torno de duas secções principais:

– Materialidade das mulheres no passado

– As correntes feministas e de género na Arqueologia

MATERIALIDADE DAS MULHERES NO PASSADO

O estudo da materialidade permite abordar de uma forma privilegiada as relações de poder estabelecidas nas comunidades pretéritas, sendo que as evidências arqueológicas constituem um fator fundamental para reconstruir o papel que as mulheres terão desempenhado em cada sociedade e para questionar as diversas formas de ser-se mulher. Para além da visibilidade das mulheres no registo arqueológico, realçamos a necessidade de incorporar no estudo do passado uma perspetiva feminista interseccional. Esta perspetiva considera como categorias de análise não apenas o género, mas também outras como classe, idade, capacidade, origem, religião, sexualidade, entre outras, sendo estas condições que influenciaram as experiências e a agência das pessoas que estudamos. Além disso, podemos chegar a conhecer de forma mais completa a organização social e a (in)existência de hierarquias nas sociedades do passado, ao mesmo tempo que contribuímos para a criação de um discurso histórico que questione as narrativas dominantes e reconheça a diversidade também encontrada no passado.

O enfoque de género proposto é aplicável à investigação arqueológica independentemente do âmbito, período ou objeto de estudo, pelo que as contribuições neste encontro não estão limitadas por um quadro crono-geográfico específico. As comunicações estarão de acordo com os seguintes temas:

• Identidades de género
• Sexualidade, práticas e normas sexuais
• Revisão com perspetiva de género do registo arqueológico e investigações publicadas
• Atividades de manutenção
• Arqueologia Queer
• Arqueologia da infância

AS CORRENTES FEMINISTAS E DE GÉNERO NA ARQUEOLOGIA

O fim dos regimes fascistas na Península Ibérica representou um grande salto qualitativo na incorporação das mulheres na Arqueologia. No entanto, ainda hoje encontramos barreiras que limitam – direta ou indiretamente – as carreiras profissionais das arqueólogas. O reconhecimento da existência destas desigualdades e a integração da perspetiva de género na prática arqueológica diária facilita uma cultura organizacional mais inclusiva e diversa. Precisamente essa diversidade confronta o estereótipo do arqueólogo como “o cowboy da ciência” ou “Indiana Jones”, enquanto promove uma participação ativa e comunitária na criação de conhecimento, valorização e uso do património arqueológico.

As comunicações irão debruçar-se sobre as políticas organizativas, a praxis e a cultura disciplinar com uma perspetiva de género, bem como serão apresentados estudos de caso e projetos que rompam com as lógicas androcêntricas da arqueologia tradicional. Assim, serão abordados os seguintes temas:

• Perspetivas feministas na gestão do património arqueológico
• Arqueologia Pública, projetos comunitários e projetos “bottom-up”
• Análise de empregabilidade em organizações arqueológicas e culturais
• História da Arqueología

Comissão Executiva

Ana Vale (CITCEM, FLUP)

Paloma Zarzuela Gutiérrez (UAB)

Comissão Científica

Andreia Arezes (CITCEM, FLUP)

Maria Jesus Sanches (CITCEM, FLUP)

Sara Simões (UNIARQ)

Clara Masriera Esquerra (UAB)

Paloma González Marcén (UAB)

Alba Comino Comino (Nova)

Ana Belén Herranz Sánchez (UJaen)