Chamada de comunicações para o colóquio | Solidão, Soledade, Solitude, Sozinhice: Problema social ou escolha pessoal?
Faculdade de Letras da Universidade do Porto
22 e 23 de novembro de 2023
Durante a pandemia COVID-19, conforme eram tomadas medidas de distanciamento social, de restrição de circulação ou de encerramento de fronteiras, a interação social foi sendo limitada e, como tal, a solidão tornou-se um dos novos grandes desafios a ser combatido. Como consequência, nos últimos três anos desencadearam-se uma série de discussões à volta deste e de outros temas: o espaço e o mundo interior, a vida doméstica ou a casa.
De qualquer modo, e ainda que o isolamento social se tenha acentuado durante os últimos anos, a solidão não é um problema exclusivo da pós-pandemia, como a arte e a literatura bem demonstram. Estas áreas são espaços privilegiados de representação de paisagens interiores, oferecendo-se a reflexões que têm como principal objetivo o estudo e a análise da solidão e das suas variantes, como a sozinhice, lexicalmente criada por José Luandino Vieira.
Se, por um lado, ao ser humano é reconhecida uma tendência inata para viver e experimentar o mundo em comunidade, e se é verdade que desde tempos imemoriais homens e mulheres se reúnem para comer, dançar e até mesmo para enterrar os seus mortos, não é menos acertado constatar que alguns permanecem voluntaria ou involuntariamente à margem desses encontros, seja numa perspetiva mais concreta e empírica, seja mais espiritual e metafórica. A arte e a literatura, como expressões de tudo aquilo que é humano, não se escusam, por isso, de dar conta das emoções e da experiência desses marginais ou marginalizados, como é observável desde os primeiros artefactos até aos que são hoje nossos contemporâneos. Pense-se na solidão de Ulisses longe de Ítaca, na de um Adamastor empedernido frente à imensidão do mar, na de Anna Karenina fadada ao isolamento social por causa da paixão, na do estrangeiro Meursault perante a morte, na do animalesco kafkiano Gregor Samsa, encerrado no quarto e rejeitado pela própria família. Os exemplos são infinitos. Não serão, contudo, os sozinhos sempre infelizes na experiência dessa solidão. Em 1891, escreve Emily Dickinson: “I’m Nobody! […] How dreary — to be — Somebody!”.
Inspirados por esta ambiguidade e crispação (solidão como problema, solidão como solução ou oportunidade) latente no quadro Cape Cod Morning de Edward Hopper, o Grupo Representações Locais e Globais do CITCEM organiza um colóquio a decorrer na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, nos dias 22 e 23 de novembro de 2023. Pretende-se, por um lado, problematizar a exploração do tão importante e universal tema da solidão, dando conta da sua complexidade social e estético-literária, mas também questionar a respeito dos proveitos e/ou de um certo comprazimento que desta poderão decorrer.
Gostaríamos, por isso, de receber contributos provenientes das áreas científicas das Artes e Humanidades e das Ciências Sociais, dando particular destaque (mas não exclusivamente) àqueles provenientes dos Estudos Literários, dos Estudos Culturais, dos Estudos Fílmicos, da História da Arte, da Sociologia, da Psicologia, da História.
Línguas do colóquio
Português, francês, espanhol e inglês
Prazos
- Submissão de resumos de comunicação (máx. 300 palavras) com nota biográfica (máx. 150 palavras): 31 de julho de 2023 (citcem@letras.up.pt)
- Informação aos autores do resultado da revisão científica: 15 de setembro de 2023
- Inscrição definitiva: 23 de outubro 2023
Comissão organizadora
Francisco Topa (U. Porto/ CITCEM)
Carlos Teixeira (U. Portucalense/CITCEM/CETAPS)
Mafalda Sofia Gomes (U. Porto/ CITCEM)
María del Pilar Nicolás Martínez (U. Porto/ CITCEM)