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Recursos: Construindo um mundo global: migrantes através do Atlântico – Local2Global
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Grupo de Investigação:
Pessoas, Mercados e Políticas
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Projeto

Uma das principais preocupações da Europa de hoje é a “crise migratória”. Em todo o mundo existe quase um bilião de migrantes. A Europa é um dos destinos mais procurados. Esta situação requer ação política. Qualquer ação só pode, porém, ser eficaz se as dinâmicas da emigração forem compreendidas na longa duração. Local2Global é inspirado pela migração massiva de pessoas com diferentes origens religiosas, linguísticas, sociais e culturais. Tomando o local como campo de observação, analisa a construção de um mundo global através da ação de agentes individuais e de comunidades (Antunes & Polónia, 2016).

Local2Global foca-se no fluxo de migrantes das Ilhas dos Açores para Santa Catarina, Rio Gr ande do Sul e as periferias do sul do Brasil do século XVIII. Muito já se sabe sobre os seus números, mas as suas vidas, o seu contexto familiar e os seus perfis individuais são em grande parte desconhecidos. A análise a empreender é particularmente pertinente, ao evidenciar que os fluxos migratórios nunca foram unidirecionais, mas envolveram também percursos de retorno.

A historiografia tem enfatizado o papel da Coroa na regulação dos fluxos migratórios para o Brasil nos séculos XVIII e XIX. A partir do início do séc. XVIII, vários milhares de casais e indivíduos açorianos deslocaram-se para o Brasil enquanto a Coroa portuguesa lutava para consolidar a sua presença colonial. A sua principal função era povoar os territórios do Sul, em disputa pela coroa espanhola. Só em 1748, cerca de 5500 açorianos, incluindo um número considerável de mulheres, desembarcaram na ilha de Santa Catarina, gerando um aumento populacional de 140%.

Local2Global ajuda a compreender melhor os mecanismos de adaptação. As migrações sempre implicam, para além de fluxos de pessoas, a transferência de conhecimentos e de experiências. Local2Global analisa essas transferências em zonas de contacto e o seu impacto nos territórios de acolhimento, em termos de ecologia, saúde, alimentação, cultura material e comportamentos. Os valores culturais, as configurações económicas e a transferência de espécies biológicas serão analisados, a par da transmissão de doenças. Os processos simbióticos originados por trocas de animais, plantas, sementes, mas também bactérias, vírus e doenças, bem como os danos ecológicos e a destruição de culturas indígenas, são conceptualizados como “imperialismo ecológico” (Crosby, 2003). Local2Global vai além dessa perspetiva, analisando essas questões de forma mais complexa. A abordagem inovadora da Local2Global reside em perceber pessoas, ambientes e culturas autóctones como atores ativos nessa equação histórica.

Ao contribuir para a investigação científica internacional sobre migrações transoceânicas, o projeto propõe pesquisas interdisciplinares de ponta derivadas das premissas dos estudos pós-coloniais e de novas aproximações sobre interações ecológicas (Polónia & Pacheco, 2017). Isso inclui o acesso e análise de novos universos de dados.

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