Local:
Data início:
Data fim:
Horário:
Organização:
Grupo de Investigação Associado
Tipo de Evento:
Congresso "Guerra, Revolução e Retorno: 50 anos depois, a memória de um Portugal europeu, democrático - e descolonizado?"
Congresso “Guerra, Revolução e Retorno: 50 anos depois, a memória de um Portugal europeu, democrático – e descolonizado?”
Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 5-6 de dezembro
Comissão Organizadora: Ana Sofia Ferreira (FLUP e IS-UP), Bruno Madeira (UM e CITCEM), Carlos Martins (IUE, Florença), Manuel Loff (FLUP e IHC-NOVA-FCSH/IN2PAST, Sérgio Neto (FLUP e CITCEM), Sílvia Correia (FLUP e IS-UP)
Os 50 anos das últimas transições democráticas da Europa ocidental (Portugal, Espanha e Grécia) cumprem-se num tempo presente caracterizado por uma deriva antidemocrática sem precedentes desde há décadas e pelo questionamento sistemático de alguns dos pressupostos sociais, políticos e económicos que caracterizaram a democracia desde o fim da II Guerra Mundial – entre outros, a consagração efetiva do direito à autodeterminação e da exigência política e moral da descolonização. A discussão pública, com inevitável dimensão política, que presentemente se desenvolve em torno do significado do 25 de Abril de 1974 prova, por um lado, que a passagem do tempo por si só não empresta consensualidade à interpretação das mudanças históricas, e, por
outro, como é permanentemente relevante o debate académico rigoroso, crítico e apoiado num trabalho de reflexão e investigação históricas abrangentes.
Esse debate e essa investigação são ainda mais urgentes considerando que, no momento em que se comemoram 50 anos da Revolução dos Cravos, continuam a imperar narrativas simplistas que informam o debate político no presente, incapazes de uma análise de fundo e de longa duração daquilo que foram, são, e continuarão a ser no futuro, as grandes transformações desencadeadas pelo movimento militar conduzido pelo MFA. Em 2024, muito do debate público continua dependente de motivações comemorativas ou depreciativas, ignorando muito de como o Portugal democrático de hoje foi e é moldado: pela violência da colonização diferente (“lusotropical”); pela violência de 13 anos de Guerra Colonial e suas profundas consequências; por um biénio (1974/1976) de transformações sem precedentes na história contemporânea portuguesa (revolução social, política e económica, e fim da dominação colonial);
por uma descolonização complexa, geradora de novas nações e de regressos; pelo fim, efetivo, de cinco séculos de história imperial; pelo regresso de milhares de retornados, combatentes e os seus processos de (re)integração social e económica; e finalmente pela memória, individual, coletiva, mas também política, uma memória de Abril sempre disputada, do Estado Novo, do colonialismo e da resistência democrática antifascista.
Partindo de uma preocupação em pensar os usos do passado, este congresso propõe-se debater em torno da experiência, representação e rememoração da violência quer do passado colonial em Portugal, quer do processo de descolonização. Assim, procurar-se-á identicamente dar centralidade à Guerra Colonial, questionando o seu significado de rutura ou de continuidade estrutural, e sua interpretação e influência na realidade pós-colonial da ex-metrópole e das ex-colónias. Finalmente pretende-se discutir o lugar da Revolução de Abril nesta história não só como o grande catalisador de mudança, mas também como como consequência direta da violência colonial e como pedra basilar de uma sociedade democrática pós-colonial em permanente tensão com o seu passado.
Linhas Temáticas:
• O colonialismo tardio português dos anos 1960 e 1970, o canto do cisne da “Missão Civilizadora”: desenvolvimento do território e “conquista” das populações;
• A violência como legado: o impacto duradouro da violência colonial no processo político português e africano antes e depois de Abril;
• A relação entre a Guerra Colonial, o fim do Estado Novo e a Revolução dos Cravos;
• 25 de Abril de 1974, de África até ao Carmo: a preponderância africana e do passado colonial nos destinos portugueses;
• Legados e memórias coloniais para a posteridade democrática: ex-combatentes, retornados. (re)integração social económica e política num contexto revolucionário;
• Três dimensões memoriais paralelas: a memória da Guerra, a memória da Revolução, a memória da descolonização;
• As narrativas históricas e políticas do regime democrático português, nomeadamente na sua abordagem ao colonialismo, ao fim do império e ao fim do Estado Novo;
• O fim do império e a Europa: a integração europeia e as novas identidades nacionais;
• Portugal visto de África: a perspetiva das ex-colónias;
• As relações com os países independentes: os legados do colonialismo em Portugal e em África;
Envio de propostas de comunicação:
A organização não cobra inscrições.
Comissão Organizadora: Ana Sofia Ferreira (FLUP e IS-UP), Bruno Madeira (UM e CITCEM), Carlos Martins (IUE, Florença), Manuel Loff (FLUP e IHC-NOVA-FCSH/IN2PAST, Sérgio Neto (FLUP e CITCEM), Sílvia Correia (FLUP e IS-UP)
Congreso “Guerra, Revolución y Retorno: 50 años después, la memoria de un Portugal europeo, democrático – ¿y descolonizado?”
El 50º aniversario de las últimas transiciones democráticas en Europa Occidental (Portugal, España y Grecia) tienen lugar en un momento caracterizado por una deriva antidemocrática sin precedentes desde hace décadas y por el cuestionamiento sistemático de algunos de los supuestos sociales, políticos y económicos que han caracterizado la democracia desde el final de la Segunda Guerra Mundial – entre otros, la consagración efectiva del derecho de autodeterminación y la exigencia política y moral de la descolonización. El debate público, con su inevitable dimensión política, que está teniendo lugar actualmente en torno al significado del 25 de Abril de 1974 demuestra, por un lado, que el paso del tiempo por sí solo no presta consenso a la interpretación de los cambios históricos y, por otro, que el debate académico riguroso y crítico, apoyado en una reflexión y una investigación históricas exhaustivas, está permanentemente de actualidad.
Este debate y la investigación son tanto más urgentes cuanto que, en el momento en que se conmemoran los 50 años de la Revolución de los Claveles, narrativas simplistas siguen informando el debate político, incapaces de un análisis profundo y a largo plazo de lo que fueron, son y seguirán siendo en el futuro las grandes transformaciones desencadenadas por el movimiento militar
liderado por el MFA. En 2024, gran parte del debate público sigue dependiendo de motivaciones en línea con la herencia del 25 de Abril, o, por el contrario, que le son abiertamente hostiles, ignorando en gran medida cómo el Portugal democrático de hoy fue y es moldeado por la violencia de una colonización que se creía diferente (“lusotropical”); por la violencia de 13 años de Guerra Colonial y sus profundas consecuencias; por un bienio (1974/1976) de transformaciones sin precedentes en la historia contemporánea portuguesa (revolución social, política y económica, y fin de la dominación colonial); por una descolonización compleja, generadora de nuevas naciones y de retornos; por el fin efectivo de cinco siglos de historia imperial; por el regreso de miles de retornados, combatientes y por sus procesos de (re)integración social y económica; y, por último, por la memoria, individual, colectiva, pero también política, una memoria siempre disputada de Abril, del Estado Novo, del colonialismo y de la resistencia democrática antifascista.
Partiendo de la reflexión sobre los usos del pasado, este congreso pretende debatir sobre la experiencia, la representación y el recuerdo de la violencia, tanto en el pasado colonial de Portugal como en el proceso de descolonización. También se centrará en la Guerra Colonial, cuestionando su significado como ruptura o continuidad estructural, y su interpretación e influencia en la realidad poscolonial de la antigua metrópoli y de las antiguas colonias. Por último, se busca debatir el lugar de la Revolución de Abril en esta historia, no sólo como gran catalizador del cambio, sino también como consecuencia directa de la violencia colonial y como piedra angular de una sociedad democrática poscolonial en permanente tensión con su pasado.
Líneas Temáticas:
– El tardocolonialismo portugués de los años 60 y 70, canto del cisne de la “Misión Civilizadora”: desarrollo del territorio y “conquista” de las poblaciones;
– La violencia como legado: el impacto duradero de la violencia colonial
en el proceso político portugués y africano antes y después de Abril;
– La relación entre la Guerra Colonial, el fin del Estado Novo y la Revolución de los Claveles;
– 25 de Abril de 1974, de África al Largo do Carmo: la preponderancia de África y del pasado colonial en los destinos portugueses;
– Legados coloniales y memorias para la posteridad democrática: excombatientes, retornados, (re)integración social, económica y política en un contexto revolucionario;
– Tres dimensiones memoriales paralelas: la memoria de la Guerra, la memoria de la Revolución, la memoria de la descolonización;
– Las narrativas históricas y políticas del régimen democrático portugués, especialmente en su aproximación al colonialismo, el fin del imperio y el fin del Estado Novo;
– El fin del imperio y Europa: integración europea y nuevas identidades nacionales;
– Portugal visto desde África: la perspectiva de las antiguas colonias;
– Las relaciones con los países independientes: los legados del colonialismo en Portugal y África;
La organización no cobra por la inscripción.
Congress “War, Revolution and Return: 50 years later, the memory of a European, democratic – and decolonised? – Portugal“
Venue: Faculty of Arts and Humanities, University of Porto (Faculdade de Letras da Universidade do Porto – FLUP)
The fiftieth anniversary of the last democratic transitions in Western Europe (Portugal, Spain and Greece) comes at a present time characterised by an unprecedented, at least for many decades, anti-democratic wave and by the systematic challenge of some of the social, political and economic assumptions that characterised democracy since the end of the World War II amongst which were the effective recognition of the right to self-determination and the political and moral demand for decolonisation. The public discussion, with an inevitable political dimension, which presently surrounds the significance of the 25 April 1974, attests that the passage of time alone does not translate into a consensual interpretation of historical change. On the other hand, it emphasises how relevant a rigorous academic debate is, supported by broader historiographical research and critical analysis.
Such debate and research are the more urgent, considering that simplistic narratives are still dominating and influencing the present-day political discussion as we commemorate the fiftieth anniversary of the Carnation Revolution. Such narratives have been incapable of a more profound and long-term analysis of what were, are, and will remain in the future, the significant transformations unleashed by the military movement put forward by the Movement of the Armed Forces (MFA) in 1974. By 2024, much of the public debate remains focused on commemorative or depreciative arguments, ignoring much of how today’s democratic Portugal was and is shaped by the violence of what has been described as a different (“lusotropical”) colonisation; the violence of thirteen years of Colonial War, with its profound consequences; a biennium (1974-1976) of unprecedented transformations in the Portuguese contemporary history (social, political and economic revolution, and the end of colonial rule); a complex decolonisation, generating new nations and returns; the effective end of five centuries of imperial history; the return of thousands of settlers and veterans, and their processes of social and economic (re)integration; and, finally the individual, collective and political memory – a disputed memory of April, the Estado Novo regime [New State], colonialism and the democratic antifascist resistance.
Starting from the need to reflect on the uses of the past, this conference aims to debate the experience, representation and remembrance of violence, emerging both from the Portuguese colonial past and the decolonisation process.
Thus, the Colonial War and its crucial role in unleashing the Revolution will be at the centre of the debate by analysing its nature as a disruptive event or a structural continuity and evaluating its interpretation and influence in the former colonial power and former colonies. Finally, the conference intends to discuss the place of the Carnation Revolution in these histories, not only as the catalyser of change but also as the direct consequence of colonial violence and as the foundation of a post-colonial democratic society in permanent tension with its past.
Main topics:
• The Portuguese late colonialism of the 1960s and 1970s, the swan song of the “Civilizing Mission”: economic transformation and “conquering” the population;
• Violence as a legacy: the enduring impact of colonial violence in the Portuguese and African political developments, during and after the Revolution and self-determination;
• The relationship between the Colonial War, the end of the Estado Novo and the Carnation Revolution;
• 25 April 1974, from Africa to Carmo: the prominence of Africa and colonial past in Portuguese affairs;
• Colonial legacies and memories for the democratic posterity: veterans, returnees. Social, economic and political (re)integration in a revolutionary context;
• Three parallel dimensions of memory: memory of the War, memory of the Revolution, and memory of decolonisation and self-determination;
• The political and historical narratives of the Portuguese democratic regime, namely regarding colonialism, the end of the empire and the end of the Estado Novo;
• The end of empire and Europe: Portuguese European integration and new national identities;
• Portugal viewed from Africa: the former colonies’ perspective;
• The relationship with the independent countries: colonial legacy in Portugal and Africa;
Registration fees will not be charged